Vontade ou como deve se portar uma dama.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ana estava sentada. Olhava os carros passando apressados pela rua estreita. Já era quase noite e uma brisa fria tocava-lhe, acariciando o rosto. Era mais que isso, refrescava seus pensamentos e abrandava o coração. Queria ser corajosa como aquelas mulheres tão a frente de seu tempo. Queria falar algumas verdades para quem merecia. Como o seu pai, por exemplo. Um senhor tão cheio de si, cheirava a madeira. Tinha uma alma visivelmente empertigada.
“Mas como é tolo, homem! Que adianta se achar perfeito?” Gritaria se pudesse. Já podia até ver a confusão na sua casa. A mãe desmaiaria, com certeza. As irmãs ficariam horrorizadas. E no meio disso tudo estaria Ana, num transe quase que sublime. Estava tão mergulhada em seus pensamentos que não ouviu a mãe pedindo que fosse se lavar para sentar-se à mesa.
Subiu as escadas em direção ao banheiro. Olhou-se bem no espelho. Era tão sem cor que quase ninguém a reparava. Aprontou-se e desceu mais uma vez. Ao redor da mesa via aquelas pessoas que faziam parte do seu cotidiano, mas que lhe eram totalmente estranhas. Teve vontade gritar verdades sobre as irmãs, sobre a mãe, uma senhora fraca que tudo que fazia era se lamentar por tudo. Mais uma vez calou-se. Perdeu o apetite, desculpou-se e se retirou. Subiu para o quarto. Era tão vazio. Reteve uma lágrima muda.
Pensou que seria mesmo ingênua demais, como seus pais sempre diziam. Achou melhor não pensar mais em verdade. Engoliu seco o que ela chamava de vontade. Depois disso, todos viam Ana sorrindo.

1 comentários:

Rodrigo disse...

ana logo logo vai gostar de rock e botar pra fora tudo com distorções e gritos!

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