Fotografia

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Lá estava ela, sentada. Era alta, magra e tinha os cabelos curtos. Sempre vestia vestidos. Meu Deus, eram tão lindos os vestidos dela! Estava na varanda observando o movimento da rua. Se distraía, de vez em quando, com a fumaça do cigarro que se dissipava tão rápido quanto seus pensamentos naquela tarde. Era alva e delicada demais para o mundo. E sua alma era dilatada.
Isso aconteceu porque certa vez quando criança a mãe tinha lhe dado algo. Era um cravo. A mãe adivinhou seu gosto por flores. Ela tinha o cheiro suave. Seu olhar era de um furacão, sugava a gente para dentro dela. Gostava de se balançar na rede, mas só quando ninguém estava por perto. Pintava as unhas de um vermelho intenso, mas só as das mãos. Era professora e vivia só. Preferia casa mas vivia num apartamento. Não gostava de café. Morava no Parnamirim. Tinha cachorros e móveis. Era feliz.

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