Nem por isso especial

domingo, 11 de julho de 2010

Paulo atravessava a rua num sábado de manhã para ir à padaria. Pediu dez pães, um litro de leite, um quilo de açúcar e um pedaço de bolo. Voltou observando as pessoas sem realmente se concentrar em seus rostos. Encarar alguém era algo que causava certo desconforto, como se tivessem sugando suas almas. "Não quero ter pedaços de estranho em mim", pensou. Seu apartamento era assim: tinha pouco espaço e muito carinho, e é isso que você precisa saber por hora. Trancou a porta e foi preparar seu café da manhã. Ele vestia uma camisa vermelha e estava com a barba por fazer. Depois do café, foi ler o jornal. Tomou banho. Pensou nela. Vestiu seu terno e saiu para trabalhar. Era vendedor de imóveis, nada muito interessante mas com certeza havia certa graça. Uma vez vendeu a um casal recém casado uma casa que tinha o muro rosa. Era a casa dos seus sonhos. Talvez um dia, quando encontrar seu par, um monte de filhos, cachorro, contas a pagar... E tudo isso passava como num flash. Parecia outra vida.
 Já era noite agora e ele voltava para casa. Não precisava se preocupar em ficar espremido no metrô ou ônibus pois tinha seu carro, que a custo pagou todas as 24 prestações. Fechou mais uma vez a porta, se livrou da gravata, sentou em frente da janela que mostrava o céu.
Pequenos milagres anônimos.


Alice, Sofia ou Teresa

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Tudo que sabia é que ela tinha o sorriso mais bonito que eu já tinha visto e um par de all star vermelhos. Mas era como se eu já conhecesse todos os vícios e alegrias daquele rosto estranho a mim. Não foi difícil encontrar ternura em seus olhos quase inexistentes, mesmo com todo o esforço que ela faz pra não demonstrar a parte boa da sua alma. Que tem uma cor azul. Tem também cheiro de lar.
E o que eu posso dizer é que não precisa de muitas palavras pra sentir que ela vai ser grande um dia. Vai mudar o mundo, do seu jeito. É cordeiro em pele de lobo e é  isso que impressiona. E eu espero o dia, espero o dia, espero o dia...

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